terça-feira, 5 de agosto de 2025

Super Mario 64 big star secret (Parcialmente Encontrado YouTube Jumpscare Video; 2007-2012)

Em 15 de agosto de 2007, um usuário do YouTube chamado LotusMan17 publicou um vídeo assustador chamado "Super Mario 64 big star secret".Posteriormente, ele seria excluído de seu canal em algum momento entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012.

Durante o passar dos anos, o vídeo obteve bastante popularidade, com o último arquivo conhecido do vídeo mostrando que ele obteve mais de 708.888 visualizações (possivelmente tendo ainda mais antes de ser excluído), e também foi compartilhado em diversos fóruns para tentar enganar outros usuários e fazê-los levar um susto.

O Vídeo
O vídeo tem duração de 5 minutos e 12 segundos e foi editado com o Windows Movie Maker 2, contendo vários títulos de texto rolando para fornecer etapas sobre como desbloquear o Luigi.

No vídeo, Lotus gravou a tela de seu computador com um celular flip (acredita-se que seja um Motorola RAZR V3) para "dar uma aparência mais autêntica". Ele modificou o castelo com o editor de níveis "Toad’s Tool 64" para adicionar uma porta na parede direita, próxima à escada do saguão principal, e para mudar a camisa/chapéu de Mario para azul e seu macacão para preto. Algumas outras mudanças foram feitas no editor de níveis, como a troca da textura de tijolos cinza do castelo por uma preta, criada pelo próprio Lotus no MS Paint.

De acordo com o autor do vídeo, "Whispers in the Dark", de Skillet, foi tocada em loop na parte principal do vídeo, e "Those Chosen by the Planet", de Final Fantasy VII, foi usada durante os créditos. No entanto, após os primeiros 47 segundos do vídeo serem encontrados, foi confirmado que "Those Chosen by the Planet" também foi usada durante a introdução e a primeira metade do vídeo. De acordo com as lembranças dos espectadores e com o autor do vídeo original, "Whispers in the Dark", de Skillet, também foi apresentada no vídeo, provavelmente na segunda metade. Em outubro de 2009, no entanto, a segunda metade do vídeo foi totalmente silenciada pela gravadora Skillet, devido a direitos autorais, e o áudio foi trocado para "Bring Me To Life", do Evanescence, ou "Dreamscape", do 009 Sound System. Pouco tempo depois, Lotus recebeu por e-mail uma oferta para trocar a música por "Database", do 009 Sound System, em troca de US$ 40, o que ele aceitou de bom grado.

Assim, acredita-se agora que, quando o vídeo foi excluído, a introdução e a primeira metade do vídeo usavam "Those Chosen by the Planet", enquanto a segunda metade usava "Database", antes de retornar a "Those Chosen by the Planet" para os créditos.

O vídeo começava na área inicial do jogo, com Mario correndo para o castelo. Muitos se lembravam de que parte do vídeo se passava na fase Bob-Omb Battlefield, mas após uma entrevista com Lotus, isso foi confirmado como falso. Todo o vídeo se passava dentro do castelo, com a maior parte dentro do pátio.

Vários prompts de texto (criados com títulos do Windows Movie Maker) apareciam ocasionalmente para fornecer mais etapas para "desbloquear o Luigi". Muitos se lembram de um passo para "chutar um Boo". O uploader original (Lotus) lembra de um passo para correr ao redor da fonte um certo número de vezes. Depois de mais alguns minutos de passos, um prompt de texto final aparece, dizendo algo como "Pressione A nesta parede", seguido por um corte abrupto para o jumpscare zumbi do final do infame comercial de café K-Fee. O vídeo então fica preto para os créditos, com uma palavra (seja "Gotcha" ou "Créditos") rolando de baixo para cima antes de mostrar o final dos créditos.

Disponibilidade
Após contatar o próprio Lotus, ele afirmou não se lembrar do motivo pelo qual apagou o vídeo e pensou que pudesse tê-lo apagado acidentalmente; mas, após encontrar uma descrição atualizada do vídeo em uma página do Facebook criada no final de 2011, parece que o vídeo provavelmente foi excluído propositalmente devido ao grande volume de ameaças de ódio e morte que ele recebeu por causa do falso jumpscare.

A descrição atualizada dizia:

"Este vídeo foi feito por puro tédio, e mesmo assim as pessoas ainda querem deixar comentários de ódio. Portanto, os comentários foram desativados."

De qualquer forma, Lotus confirmou que não possui mais o vídeo original.

Os administradores do Internet Archive também confirmaram que o vídeo não está em seus arquivos.

O vídeo de reação intitulado "Irmãozinho se assustando. Reação tardia" contém imagens de baixa qualidade do gritador, que mostram aproximadamente 8 segundos do início e os últimos 20 segundos do vídeo. Quem enviou o vídeo de reação confirmou que não possui mais a versão original e não editada do vídeo.

Em 30 de maio de 2024, novas imagens foram descobertas pelos usuários mahvl, SindexMon e CharmyTheChattyBinks, após contato com um usuário do YouTube que havia reagido ao vídeo de forma privada. A imagem foi publicada publicamente após as pessoas no vídeo terem sido desfocadas por motivos de privacidade e mostra os últimos 40 segundos do vídeo, embora em baixa qualidade.

Em 13 de maio de 2025, os primeiros 47 segundos do vídeo foram descobertos por Peter, usuário do Discord do LMW, através de um computador antigo com Windows XP e cache do navegador corrompido, fazendo com que todos os vídeos que ele assistiu permanecessem em seu computador. Os 4 e 25 minutos restantes — exceto os últimos 40 segundos, que sobreviveram em baixa qualidade — continuam desaparecidos.

O folheto de busca "On the Hunt" do Lost Media Wiki foi atualizado para o vídeo

Versão em espanhol do folheto atualizado.

Outro quadro encontrado por Peter. Este está na marca de 1:18 minuto.

Os primeiros 47 segundos do vídeo.

O vídeo de reação com os primeiros 8 segundos e os 20 segundos finais do vídeo

Outra reação ao Jumpscare, que contém mais imagens do vídeo

Vídeo do ShaiiValley sobre o assunto.









Hitogata (Comercial Perdido Japonês, Existência Não Confirmada, 1996 - 2003)

"Humanoides Brancos", "Pessoas Brancas" ou "Humanos Brancos" ("白いヒトガタ", frequentemente abreviado para simplesmente "ヒトガタ", "Hitogata") é uma lenda urbana que remonta a 2004 no fórum japonês anônimo 2ch. Usuários acreditam que essa mídia seja um anúncio de serviço público exibido em escolas ou um comercial exibido tarde da noite. Depoimentos e relatos de testemunhas oculares variam, mas a premissa geral permanece a mesma: o som de um alarme de cruzamento de ferrovia que soa ao fundo, enquanto duas figuras humanas brancas e sem traços característicos aparecem na tela. Quando uma figura desaparece, outra aparece. Um texto é exibido na tela, com alguns relatos de um narrador dizendo que: A cada dois segundos, alguém morre na Terra (o tempo varia entre os relatos de testemunhas oculares). Originários de 2004, vários vídeos de recriação foram feitos retratando essas duas figuras brancas e sem traços característicos. Apesar dos numerosos esforços de busca, o comercial não foi encontrado e ainda continua sendo uma lenda urbana.

Origens
Em 2004, no quadro de mensagens anônimas 2channel, foi criado um tópico sobre uma série de comerciais e anúncios assustadores que os usuários consideraram memoráveis. Nesse fio, as origens do mito se concretizariam. A postagem original, em japonês, diz o seguinte:

854 :提供:名無しさん :04/10/06 14:21:45 "とてつもなく怖いCMがあって、ずっと記憶に残っている。 黒い背景で白い人型のものが2人描いてあって、「カン、カン」っていう音が鳴り続ける。 確か、地球上では2秒に1人ひとが死んでしまうっていうやつで、2回音が鳴ったら片方が消える。次の瞬間には元の場所に人型が復活し、今度はもう片方が消える。それが延々と繰り返されるだけのCM。"[1]

Quando traduzido, o texto fica assim:

Postagem nº 854: Autor: Anônimo: 04/10/06 14:21:45 "Havia um comercial terrivelmente assustador, e ele ainda está constantemente na minha memória. Havia duas figuras humanas brancas retratadas contra um fundo preto, e um barulho de "Kan-kan" não parava de soar. O que é certo é a parte que dizia "A cada dois segundos, uma pessoa morre na Terra", e quando o barulho se repete, a outra figura desaparece. No instante seguinte, a figura humana retorna ao seu lugar original, e agora a outra desaparece. Era um comercial com apenas isso se repetindo indefinidamente."

Nota: O título do tópico é (・∀・) Comerciais assustadores: Noite nº 9 (・∀・)

Devido à natureza vaga do depoimento, tem sido difícil para quem busca encontrar "hitogata". No entanto, isso não impediu inúmeras buscas.

Relatos conflitantes
Os depoimentos e relatos de testemunhas oculares variam entre os usuários que afirmam ter visto "hitogata". Algumas fontes afirmam que havia uma placa de cruzamento ferroviário presente, com fundo sépia. Outras fontes afirmam que não havia placa de cruzamento ferroviário e que o fundo era preto.[2] Os avistamentos variam entre as décadas de 1990 e 2000, embora um período de 1996 a 2003 tenha sido reduzido.[1]

Um relato de testemunha ocular vem de uma publicação feita no 2ch em 1999. No entanto, um arquivo do tópico original não existe, deixando sua credibilidade, na melhor das hipóteses, duvidosa. É o seguinte:

6 :名無しさん:1999/11/02(火) 01:32 "2人のモノクロ人間が交互にポンポンと点滅するCM。地方のキャンペーン系CMってよく分からないの多いですね。"

Quando traduzido, fica assim:

Postagem nº 6: Anônimo: 02/11/1999 (terça-feira) 01:32 "Há um comercial com duas pessoas monocromáticas piscando alternadamente, com um barulho tipo "Pon-pon". Entre os comerciais locais de PSA, há muitos que não consigo entender."

Observação: O título do tópico é Comerciais estranhos

Teorias e Especulações
A teoria principal e mais popular é que esta peça de mídia era um comercial. Devido ao depoimento original afirmar que esta peça de mídia tinha 15 segundos de duração, isso dá credibilidade à teoria de que se tratava de um comercial curto para um produto desconhecido. Como o depoimento original não dá nenhuma indicação sobre o que estava sendo anunciado, isso levou a uma ampla gama de teorias. Estas incluem: um anúncio de uma farmácia, empresa de sabão ou jeans, UNICEF ou ONG e, claro, aqueles que acreditam que se tratava de algum tipo de PSA. Muitas dessas teorias foram desmascaradas. Por exemplo, aqueles que acreditavam que se tratava de um anúncio de sabão conseguiram descobrir um comercial que, embora tivesse algumas semelhanças, não correspondia aos relatos de testemunhas oculares. Supostamente, um usuário conseguiu entrar em contato com a AC Japan, uma organização sem fins lucrativos que distribui anúncios de serviço público. A AC Japan negou qualquer alegação de que tenha feito um anúncio de utilidade pública semelhante a "hitogata".

Outra teoria afirma que este foi um anúncio feito pela Tokuyama, uma empresa química sediada em Tóquio. Existe uma lenda urbana semelhante à de "hitogata" sobre um anúncio feito pela Tokuyama por volta de 1994. Acredita-se que seja um comercial exibido localmente na Prefeitura de Yamaguchi. Testemunhas oculares afirmam que uma figura branca e sem traços característicos é mostrada contra um fundo preto-azulado, com várias bolas brancas aparecendo ao redor. Um texto aparece na tela que se traduz aproximadamente como "A química agora está no mundo desconhecido", seguido por um texto que diz Tokuyama. Devido às suas semelhanças com "hitogata", como apresentar uma figura humanoide branca, acredita-se que "hitogata" possa ter sido feito pela empresa Tokuyama. No entanto, a partir da data de escrita isso ainda não foi confirmado.

Outras teorias sugerem que este poderia ter sido um programa usado para ensinar as crianças sobre os perigos das ferrovias e da segurança no trânsito. Especiais de segurança no trânsito e segurança ferroviária são uma forma muito popular de ensino no Japão, com exemplos incluindo Super Mario no Kōtsū Anzen (スーパー マリオの交通安全, Super Mario Traffic Safety) e Osomatsu-kun no Shōnen Kōtsū Omawarisan (おそ松くんの少年交通お巡りさん, Boy Traffic Officer Osomatsu-kun), filmes que ainda permanecem parcialmente perdidos até hoje. Esses filmes se perdem devido ao fato de serem exibidos apenas nas escolas do Japão e raramente exibidos ao público em geral. No entanto, com o relato original de uma testemunha ocular afirmando que a peça tinha apenas 15 segundos de duração, muitos céticos acreditam ser duvidoso que isso possa ter sido qualquer coisa além de um comercial.

Há céticos que acreditam que este seja apenas um caso de Efeito Mandela ou uma ilusão coletiva. É o caso; não há evidências concretas até o momento em que este texto foi escrito que confirmem ou neguem a existência de "hitogata". Como tal, permanece um mistério.

Esforços de Busca
Apesar da publicação original remontar a 2004, os esforços de busca continuaram por mais de uma década para encontrar a possível fonte desta lenda. De fato, o boato se espalhou tanto por certas áreas da internet que usuários de sites como o 5channel são proibidos de discutir a lenda quando tópicos sobre outros comerciais não identificados são discutidos. No entanto, isso não impediu os esforços de busca e, em 2019, um novo tópico foi criado no 5channel, totalmente dedicado a todos os tópicos relacionados a "hitogata".

Esforços contínuos de busca estão sendo feitos para encontrar "hitogata", não apenas no Japão, mas em todo o mundo.

Folheto de busca "On the Hunt" do Lost Media Wiki para o vídeo
Versão japonesa do folheto.

Uma lista atualizada de todos os avistamentos por Windows98SE.


Um vídeo de recreação feito pelo usuário "hadukiti" no YouTube.

Um vídeo de recreação feito pelo usuário "動画配信YSK" no YouTube.

Vídeo completo de Blameitonjorge sobre o assunto.


terça-feira, 22 de julho de 2025

Gurgles and Bugman


Depois da minha última experiência, meus pais me lembraram de outra história da minha infância.

Quando você tem cinco anos, sua mente carece de experiência para fazer julgamentos informados ou conectar coisas que não são óbvias. Com o passar dos anos, os detalhes ficam nebulosos e esquecidos. Conversando com meus pais outro dia, eles limparam as teias de aranha que enterravam essa história.

Agora me lembro com muita clareza da história dos Gargarejos e do Homem-Besouro.

Eu tinha acabado de começar o jardim de infância naquele ano. Todo mundo é amigo quando você tem cinco anos, então eu não tinha falta de colegas de classe. Mas vindo de uma família pobre, eu não os via muito fora da escola. Meus pais passavam todas as horas acordados tentando sobreviver e não tinham tempo para me levar de casa em casa.

Então eu passei meus primeiros anos principalmente sozinha, brincando com a variedade aleatória de bugigangas da prateleira do meu quarto. A falta de dinheiro deu à minha família o hábito de acumular coisas, então eles odiavam jogar qualquer coisa fora.

Um item em particular na prateleira era um pequeno televisor antigo. Uma caixa de folheado de madeira com cerca de 2 pés de largura por 1 pé de altura, tinha uma tela de vidro curva que ocupava metade do painel frontal. Ao lado da tela havia um grande dial cromado usado para trocar de canal. No topo ficava uma antena formada por dois fios terrivelmente torcidos.

Quando meu tédio me fazia ligá-lo, eu geralmente só conseguia estática e neve naquela tela preta e branca brilhante. Eu torcia o dial pesado e clicante na esperança de captar algumas emissoras locais. Na maioria das vezes, eram imagens fantasmagóricas e fragmentos de som incoerentes. Mas um canal estava sempre cristalino.

Era o Show dos Gargarejos e do Homem-Besouro.

Gargarejos era um palhaço mas não um comum. Ele usava um terno preto fino que cobria seu corpo alto e magro com uma gravata combinando e sapatos de palhaço grandes e extravagantes para completar sua roupa distintiva. Suas pupilas eram completamente pretas - como bolinhas de ébano polido sem vestígio de branco ao redor. A pintura preta no rosto ao redor desses olhos e nas bochechas e boca o faziam parecer um esqueleto maníaco e sorridente. Era apenas a louca cabeleira encaracolada que brotava dos lados da cabeça que The dava um aspecto mais humano.

Tanto quanto Gargarejos me assustava, o Homem-Besouro me assustava mais. Ele era baixo e redondo (como um anão corcunda) com uma capa escura. Ele tinha próteses cobrindo os olhos para fazê-lo parecer uma mosca e uma boca que estava girada 90 graus e se abria de lado.

O programa em si era como a Câmera Escondida, com pegadinhas em pessoas desprevenidas. Sempre começava com Gargarejos e o Homem-Besouro escondidos na casa de alguém. Gargarejos se virava para a câmera, olhando para você, com o dedo ósseo tocando os lábios.

Quando a estrela desprevenida do programa entrava em cena, uma trilha sonora de risadas começava a tocar. Você os veria fazendo suas rotinas noturnas, alheios à conspiração em que Gargarejos e o Homem-Besouro nos envolveram.

Nós os veríamos fazendo o jantar, ou na sala assistindo TV com a família, ou fazendo a lição de casa em silêncio. Então, veja Gargarejos e o Homem-Besouro roubarem sua caneta, ou moverem seu copo, ou fazerem coisas desaparecerem pelas costas.

Os ângulos da câmera mudavam à medida que Gargarejos eo Homem-Besouro mudavam seu esconderijo dos cantos escuros de um cômodo, para os armários, para o teto ou debaixo dos móveis, enquanto olhavam para você e piscavam. Quanto mais perto eles chegavam, mais alto e mais alto era o riso da trilha sonora.

Eventualmente, quando todos iam dormir, uma vítima era escolhida para sua pegadinha. Esperando no armário ou debaixo da cama, assim que sua vítima adormecia, o Homem-Besouro rastejava e gentilmente subia ao lado dela. Sua mandíbula se abria lateralmente e saía um canudo afiado que ele enfiaria no pescoço da pessoa.

Isso sempre paralisava sua vítima - porque às vezes você podia vê-los lutar se acordassem e vissem Gargarejos e o Homem-Besouro em cima deles. A trilha sonora de risadas ficava então extra alta e estrondosa nessas poucas vezes em que as vítimas acordavam.

Gargarejos fazia caretas para a câmera enquanto a plateia ria, e o Homem-Besouro usava seu canudo para beber do pescoço da pessoa. Quando a vítima parava de lutar depois de alguns minutos, o riso se transformava em palmas e aplausos.

Com o Homem-Besouro terminado, o rosto de Gargarejos enchia toda a tela com seu sorriso impossivelmente largo e de dentes afiados. Então ele sussurrava "voooocês me vêm de nooooovo".

A maneira como aqueles olhos totalmente pretos atravessavam a tela sempre me dava arrepios. Eu odiava o programa, mas sempre tinha muito medo de me aproximar da TV enquanto ela estava ligada.

Um dia, a TV desapareceu misteriosamente do meu quarto. Meus pais disseram para mim, com cinco anos, que a venderam para pagar algumas contas. Eu aceitei isso sem questionar; eu estava meio feliz que ela tivesse ido embora.

Mas ontem, quando perguntei a eles sobre aquela TV novamente, eles trocaram olhares nervosos e, em seguida, preencheram algumas lacunas da minha infância.

Na metade daquele ano, Derek (um colega de classe que eu não conhecia muito bem) morreu em circunstâncias horríveis. Ele foi assassinado em sua cama com uma facada no pescoço. Nenhuma evidência de arrombamento foi encontrada, então seus pais angustiados foram presos como principais suspeitos. Eles negaram todas as acusações contra eles.

Na época em que a Sra. Nolan (minha professora) contou para nossa classe, eu aparentemente expliquei a ela que Derek não podia estar morto porque eu o vi e sua família no Show dos Gargarejos e do Homem-Besouro no dia anterior.

Quando a Sra. Nolan mencionou aos meus pais o que eu havia dito, eles imediatamente tiraram a TV do meu quarto, a levaram para um ferro-velho e a queimaram até virar cinzas e metal derretido.

Aquela TV estava no meu quarto porque sempre esteve quebrada. Ela nunca foi conectada na tomada o tempo todo que ficou na minha prateleira.

Seja lá o que eu vi naquela tela, não era de uma estação.

Então, essa é a minha história dos Gargarejos e do Homem-Besouro. Mas não tenho certeza se esse é realmente o fim.

Afinal, Gargarejos e o Homem-Besouro ainda fazem seu show noturno para algum espectador desprevenido, em algum lugar deste mundo?

E, se sim, quem será sua próxima estrela?

MARIO

(Nota: Esta é uma história real, e resume o que se passava em minha mente enquanto eu jogava isso, e eu não fazia ideia de que estava prestes a ser enganado da maneira que eu fui. Posso dizer que esse é, de longe, o hack mais assustador que eu joguei em toda minha vida. Se você estivesse em meu Skype, teria me ouvido falar sobre esse jogo ao vivo, mas mesmo assim, já é tarde da noite, e eu não tenho muito tempo pois preciso dormir , então isso é tudo que posso fazer nesse tempo...)

Então, tudo aconteceu na noite de todas as noites. Eu estava entediado, obviamente pensando no que poderia fazer para passar o tempo, e conversando com algumas pessoas no SMW Central (um enorme fórum que reúne vários hacks do game Super Mario World). Tivemos bons momentos, e compartilhamos algumas risadas. Graças ao tédio, decidi dar uma olhada na seção "Hacks Esperando Moderação". Parece que tínhamos uma boa quantidade de jogos; 33, se eu não me engano. Os primeiros hacks que eu vi estavam ordenados por data, e era uma porcaria atrás da outra, com imagens de qualidade horrível para completar.

Naturalmente mostrei esses hacks para os donos do fórum. Estávamos rindo muito do quão ruim alguns deles eram, mas então eu cheguei a um hack chamado "MARIO". Apenas isso, nada mais, nada menos. A descrição era muito estranha, como se algum hacker japonês tivesse tentado traduzir o enredo original de Super Mario World em Inglês, mas falharas horrivelmente. Mostrei isso para Kieran, e então ele começou a rir com a descrição. Dizia o seguinte:

"Enquanto você faz o papel do Super Mario Encanador, verifique se sua linda Purinsesutozutouru novamente Bowser sequestrou o rei do mal. É o seu trabalho salvá-la! Este hack inclui seis níveis muito extensos."

Eu simplesmente considerei isso como uma tentativa de alguém tentando agir como japonês, e liberando um hack de merda com algumas modificações, ou algo assim. Bem, isso era que eu pensava...

A curiosidade foi mais forte. Decidi fazer o download do hack, não sabendo no que eu estava prestes a me meter, uma vez que a única imagem prévia do hack, era a tela de título original com nada mais, exceto pelas letras "Mario", da tela de titulo do Super Mario World. Achei um pouco estranho não haver datas nem nada disso, já que os hackers costumam colocar seus nomes e datas sobre os títulos para marcar quando o projeto fora iniciado.

Então, quando abri o arquivo do hack, me deparei com 2 arquivos: Um deles se chamava 3007014, um simples arquivo no formato .txt

27 KB de tamanho, junto com o arquivo IPS, simplesmente chamado "MARIO". Por alguma estranha razão, eu queria ver o que o autor do hack tinha a dizer, mas quando abri o hack no Bloco de Notas, não havia nada, além de indistinguíveis símbolos, letras e sinais de pontuação, tipo aqueles que aparecem quando você abre um arquivo .rom usando um programa editor de textos, como o Notepad. Parecia que o autor havia simplesmente convertido seu arquivo .rom para o formato .txt, se bem que eu posso estar errado. Olhando mais atentamente, descobri que no topo do arquivo .txt, misturado com o embaralhado de letras e símbolos, havia uma única coisa lá que parecia estar em Inglês. Aqui está um trecho do que encontrei:

"ÿØÿà JFIF H H ÿþ 1find me find me find me find me find me find meÿÛ C"

Para ser sincero, eu não sabia o que fazer sabendo disso, e eu achava que era perda de tempo ficar procurando mensagens subliminares no meio de um arquivo todo embaralhado... Estou disposto a apostar que ninguém nunca será capaz de fazer isso fazer sentido.

Porem decidi que, já que meu interesse fora crescendo constantemente, eu iria começar a procurar em minha pasta horrivelmente desorganizada de downloads por uma cópia de um jogo comum, que eu havia baixado à um bom tempo antes dos acontecimentos desta noite, e por um patcher IPS; claro que a minha escolha para o trabalho foi o programa Lunar LPS (LIPS).

Em seguida, prossegui a mover o ROM e o Patcher IPS para a pasta do hack. Eu usei o patch na ROM, não sabendo o que esperar em seguida, e então rapidamente arrastei-o para o emulador ZSNES, esperando jogar o que eu achava ser uma porcaria de hack, com base na imagem prévia do jogo. Na inicialização, notei que o autor havia tido tempo de alterar o cabeçalho de seu hack. Ao invés do habitual titulo "super marioworld" que você normalmente vê no canto esquerdo quando inicia um rom no ZSNES, ele só tinha a palavra “mario”, mais uma vez. Neste ponto, ganhei um pouco de esperança, porque normalmente as pessoas que fazem hacks meia-boca geralmente nem sequer mudam o título do cabeçalho. Por um momento pensei não estar perdendo meu tempo com isso, e meu humor se iluminou um pouco com a ideia de ver o que o autor tinha a oferecer em seu pequeno hack interessante. Assim, a tela de título carregou, exatamente como seria em Super Mario World, exceto que só havia "Mario" escrito no título, como eu havia mencionado anteriormente. Outra coisa que aumentou ainda mais meu interesse, era que a coloração do “modelo” brilhante e animado do Mario parecia mais, como posso dizer... "cinzento". O que antes era violeta-vermelho agora se tornara um cinza com um pequeno tom vermelho, e eu tenho quase certeza de que suas calças também pareciam mais cinzentas do que o normal... Achei isso estranho, e me perguntei por que ele decidiu deixar o Mario com uma palheta de cores tão “chata”. Independentemente de suas intenções, eu senti que havia algo... errado. Não no sentido de que a palheta estava pior, mas de que o hack parecia vazio, como se algo tivesse acontecido. Ao pressionar start e selecionar um novo arquivo, assim como um monte de hacks do Mario que eu havia jogado no passado, apareceu uma espécie de tela de introdução que, basicamente, descrevia toda a história do jogo em um pequeno parágrafo, pequeno o suficientemente para caber em uma caixa preta. Comecei a ler, e para a maior parte, a mensagem permanecia a mesma, mas houve um detalhe essencial que deixou tudo mais interessante. Aparentemente, o principal antagonista deste hack não era Bowser, assim como em todos os outros. Ao invés disso, era o... Mario?

A mensagem dizia exatamente isto (traduzido):

"Bem-vindo! Essa é a Terra dos Dinossauros. Nesta estranha terra descobrimos que a princesa Toadstool fora raptada novamente! Parece que Mario está por trás disso mais uma vez!"

“Mas que...? Essa não era a mensagem original de Super Mario World", disse a mim mesmo. Normalmente eu nem pensaria nisso, vendo como, em meus quase 2 anos na SMWCentral, já joguei incontáveis hacks e me deparei com muitas mensagens de introdução diferentes, mas por alguma razão esta realmente mexeu comigo. Neste ponto, eu definitivamente sabia que havia algo estranho com este hack. Ao deixar a música de introdução tocar, apertei o botão Start em meu joypad para finalmente chegar ao mapa e começar minha jornada por este jogo desconhecido. Ao entrar no mapa principal, tudo parecia normal. Mesmos caminhos e fases antigas, mesma musica original, só os nomes das fases eram diferentes. Ao invés de "Yoshi’s House", como era de costume, agora se chamava simplesmente "Yoshi"; a parte da “House" havia sumido. Comecei a perder a esperança do hack, pois parecia que o autor não havia mudado quase nada da versão original. Eu esperava ver algo novo, algo chocante. Bem, infelizmente para mim, meu desejo fora realizado, como você verá quando continuar lendo. Decidi entrar na fase somente por curiosidade. Quando entrei, a casa inteira do fundo havia sumido. Não havia mais fumaça, não havia mais fogo, não haviam mais passarinhos, nada. Tudo o que restava era a caixa de mensagem. Ao abri-la, a mensagem que eu esperava estar lá fora substituído com o que parecia ser um código binário.

"01101110011011110111010001100101011100000110000101100100 {C}-Yoshi "

Aparentemente, o código traduzia para: "bloco de notas".

Neste ponto, eu estava no Skype dizendo a todos que aquele hack estava começando a me assustar, o que resultou em algumas respostas sarcásticas, mas hey, eu já esperava isso. De qualquer forma, após isto, meu nível de interesse pelo hack disparou, e junto com ela minha paranóia... Rapaz, que surpresa divertida eu estava para ter. Em seguida, decidi ir para a esquerda. Ao chegar na fase antes conhecida como “Yoshi Island 1", ela fora nomeada agora como "never come back (nunca mais volte aqui)". Agora eu achava que as coisas iriam resultar em uma armadilha mortal, assim como no famoso hack “Kaizo Mario”, porque geralmente as fases são nomeadas assim, para garantir que o jogador não vá pra lá. Para minha surpresa, não foi exatamente dessa forma, porém, depois do que passei, eu gostaria que fosse. Ao entrar na fase, fui cumprimentado pelo som absurdamente alto do veículo voador de Bowser, que pode ser ouvido logo antes da última batalha do jogo. Claro que, como meus fones de ouvido estavam moderadamente alto, aquele barulho me fez pular da cadeira, o que provavelmente não teria acontecido se eu já não estivesse sido tão nervoso antes disso. Decidi neste momento que seria melhor abaixar o volume de meus fones de ouvido, para não ter mais surpresas desagradáveis como essa.

Quando entrei no nível, com exceção da música, tudo parecia ser a mesma coisa, exceto pelo fato de que o pequeno Koopa que desliza na primeira borda não estava mais lá, nem mesmo o Bill Banzai. A moeda do dragão ainda estava lá, no entanto, por alguma razão, eu não conseguia coletá-la, ou melhor, nenhuma das moedas de dragão do jogo. O autor teve a certeza de fazer isso. Também notei que havia um bloco marrom já usado, perto do local onde o Banzai Bill normalmente aparece. Eu só pude supor que esta era uma revisita a fase depois que eu havia a terminado, assim como ouvi falar em algumas histórias assustadoras meia-boca relacionadas a outros jogos do Mario. Agora eu queria saber por que as coisas estavam daquele jeito, o que me fez pensar na mensagem de introdução do hack: Mario havia feito alguma coisa à Terra dos Dinossauros? Tudo isso era do ponto de vista de Bowser? Rapidamente rejeitei a última opção, porque parecia meio estúpida demais. Aquilo me deixou pensando que Mario, em algum ponto no tempo na história do autor, causou alguma coisa... Mas o quê?

O que Mario havia feito? Minha mente não fazia mais nada além de deixar os pensamentos correrem neste momento. No entanto, rapidamente tirei isso tudo da cabeça e continuei a me aventurar no nível, só para descobrir que todos os blocos já haviam sido basicamente atingidos basicamente; todas as moedas foram coletadas (exceto pelas Moedas de Dragão, aquelas ainda estavam lá e ainda eram impossível de serem obtidas), não havia inimigos, e eu já não podia mais descer em canos. "Que tipo de besteira que eu estou jogando aqui?", fiquei pensando comigo mesmo. Neste ponto, me senti desconfortável. Decidi continuar me aventurando. Eventualmente me deparei com outra caixa de mensagem, que eu não estava surpreso que ainda estava na fase. No idiota que sou, pulei e bati na caixa. Ao atingi-la, fui recebido com a familiar caixa preta mais uma vez. A mensagem fora obviamente editada, como já esperava. Ela dizia o seguinte (traduzida):

"-PONTO DE DICAS – Eu te odeio”

Agora tive a impressão de que as coisas estavam começando a ficar na “vibe” de que o autor era um indivíduo doentio e esquisito, e eu tinha certeza absoluta de que Mario definitivamente havia feito alguma coisa. Neste ponto eu estava basicamente correndo para chegar ao fim da fase, até me deparar com outra caixa de mensagem, no entanto, esta era apenas uma caixa em branco com o titulo "-PONTO DE DICAS-" escrito no topo, e nada mais. Rapidamente ignorei-a e dirigi ao final da fase, na esperança de sair de uma vez daquele inferno. Ao chegar próximo ao fim, encontrei uma Flor de Fogo no bloco superior, na parte onde haviam quatro blocos um do lado do outro, só que desta vez só havia o bloco mais alto. Era impossível para mim chegar lá pelos meios normais, então eu só continuei seguindo em frente, como um cego curioso faria. Então, eu finalmente cheguei ao fim, e como sempre, o caminho para chegar ao Palácio do Interruptor Amarelo foi liberado. Decidi seguir por este caminho, e descobri quando entrei no mapa principal de fora, todas as montanhas e decorações, exceto pelos fantasmas que sobrevoam as Casas dos Fantasmas haviam sumido. Nada mudou dentro do Palácio do interruptor Amarelo, exceto pela mensagem do final: Tudo o que aconteceu foi que “SWITCH-PALACE” foi alterado para “MARIO-WORLD”. De qualquer forma, justo quando pensei ter terminado essa abominação chamada de hack, descobri que a fase “Yoshi’s Island 2” também fora editada. Maravilha...

Ao chegar na Yoshi’s Island 2, vi que ela havia sido renomeada para “YOSHI’S HOUSE”, o nome original da fase onde você começa o jogo.

Resolvi entrar e descobri que a palheta de cores da fase também havia sido mudada, junto com o fundo. Eles pareciam ter sido alterados para a mesma palheta da Yoshi’s Island 3, você sabe, com tudo esverdeado e tal, exceto que a cor do fundo fora escurecida para uma cor marrom meio podre, e que a vegetação no solo não estava mais presente . Dando alguns passos, me deparei com uma trilha de Koopas, aquela que inúmeros jogadores jogam um casco para ganhar uma vida extra. Ignorei-os e segui para ver se a fase havia sido mais alterada. Finalmente me deparei com o "?" que prende o Yoshi, e com isso, pulei no bloco para liberá-lo. Após fazê-lo, recebi esta mensagem:

"Hooray! Obrigado por me salvar. Meu nome é Yoshi. Em meu caminho para resgatar os meus amigos, Mario me prendeu neste ovo."

Neste momento, pensei em todos os cenários possíveis: Mario atacando a Terra dos Dinosauros, destruindo as plantações, causando danos horríveis e irreversíveis, enfim, tudo. O autor havia me fisgado com seu pequeno jogo doentio, e como qualquer outro idiota, eu mordi a isca e ainda voltava para conseguir mais...

Em algum lugar não muito longe do bloco do Yoshi, eu encontrei outra caixa de mensagem, no mesmo lugar em que me lembro de estar no jogo original, porém, se eu aprendi alguma coisa jogando isso, foi que as caixas de mensagens não guardavam coisas boas para mim. Isso me fez hesitar em bater nele, mas eu acabei fazendo-o de qualquer maneira. Eu queria saber mais. A mensagem que eu recebi foi a seguinte:

"mas,

há algo que eu possa fazer para você mudar de ideia?"

Que porra era essa? O que diabos isso queria dizer? Mudar de ideia? Sobre o que eu mudaria de ideia? Isto se tratava sobre todas as coisas que Mario havia feito, e sobre como as pessoas estavam tentando convencê-lo a parar? Yoshi estava falando comigo através das caixas de mensagens? Ou era sobre mim? Parecia que o hack estava tentando se comunicar comigo através das caixas de mensagens. Bem, de qualquer forma, se aquilo se tratava sobre o que Mario havia feito, ou sobre minha decisão de continuar, decidi continuar a jogar, apesar dos sinais evidentes de que eu deveria ter parado a um bom tempo. Enquanto progredia, descobri que eu estava certo: toda a vegetação havia sumido, e nada fora deixado na fase, excepto por alguns inimigos, como os Jogadores de Futebol e as Marmotas; até mesmo os canos haviam sumido. Me deparei com outra caixa de mensagem. Como todas as outras vezes, decidi atingi-lo. Fui recebido com outra mensagem enigmática...

"-PONTO DE DICAS- Esta é a maneira egoísta para ir embora"

A maneira egoísta para ir embora? Que diabos... O hack estava me chamando de egoísta por continuar a jogá-lo apesar das advertências? Neste ponto, eu estava assustado a ponto de estar tremendo um pouco, um misto de expectativa, o medo, e o fato de que meu quarto estava terrivelmente frio naquela noite. Fechei a caixa de mensagem e mais uma vez segui em frente. A área com os marmotas parecia não ter mudado, mas o fundo com as nuvens felizes também haviam desaparecido, como pude ver quando escalei o cipó. Isso fez com que eu me sentisse triste, para dizer o mínimo, não tão assustado quanto deprimido... é um sentimento que eu não consigo explicar muito bem. A partir deste ponto, era basicamente apenas um enorme caminho de terra até o final da fase. Eu continuei rapidamente, queria dar o fora de lá o mais rápido possível, já que havia passado tempo demais olhando ao redor. Então, eu e Yoshi (eu ainda estava montado nele) finalmente abrimos o caminho para a próxima fase. Ela também fora alterada. O que antes era Yoshi’s Island 3 agora se tornara "Yoshi’s Island 7". O hack Memories of Super Bobido World imediatamente veio em minha mente, já que ele tinha esse mesmo sistema de pular vários números de fases, o que o fazia parecer ainda mais ridículo, mas neste momento eu não havia achado nada bem-humorado, devido ao senso comum e razões óbvias explicadas anteriormente. Entrei no nível sem hesitar. Quando entrei, fui recebido por um fundo preto sólido, e um piso azul e cinza. O lugar parecia congelado... Sem vida e estéril. Não havia nada na fase, exceto pelo poste de checkpoint.

Apenas um trecho de terra clara com mais nada em volta. Rapidamente perdi meu interesse e terminei a fase, apesar desta parecer ser a fase mais solitária e assustadora do jogo, pelo menos até agora, já que as coisas se tornariam piores em breve. Com a fase terminada, um novo caminho se abriu: “Yoshi’s Island 4” se tornara apenas "leave now (saia agora)". Agora eu hesitei sobre querer parar de jogar, mas meu interesse ainda era mais forte. Neste ponto, SMWCentral não era mais nada alem de minhas postagens constantes sobre as descobertas e mensagens do hack, para que outros pudessem experimentar o que eu estava experimentando. O canal, infelizmente, estava estranhamente inativo; parecia que ninguém realmente se importava, ou não estavam por perto. Eu me sentia sozinho... Mas prossegui para a próxima fase. Na maior parte, tudo parecia o mesmo, tirando o fato de que agora não havia mais água para me impedir de cair em buracos sem usar Yoshi como um sacrifício. O nível também estava vazio de inimigos.

Sempre que eu chegava num buraco que parecia muito longe para eu pular por cima, descobri que eu poderia andar no ar, assim me livrando da necessidade de utilizar Yoshi como um sacrifício. Era evidente que o hack queria que eu o deixasse comigo, pelo menos até agora. Fui capaz de chegar ao cano que geralmente me leva para a saída da fase. Entrei e vi que a sala estava exatamente normal, tudo no mesmo lugar e nada editado... ou foi o que pensei. A caixa de mensagem, mais uma vez, quebrou o clima daquele breve momento de alívio que eu tive ao entrar pelo cano. Nesse ponto, eu estava questionando se eu deveria continuar para ver como tudo aquilo terminava, ou sair naquele momento enquanto eu ainda tinha um pouco de senso comum sobrando. A caixa de mensagem era meio indistinguível, e eu sinceramente não consegui entender o que queria dizer:

"Você conseguirá se cortar a no final. Se você coletar você pode."

Por um momento tentei descobrir o significado daquela mensagem, mas, eventualmente, desisti e terminei o nível. Imaginei que a caixa não valia muito a pena. Com o nível terminado, o caminho para o castelo do primeiro mundo foi liberado, agora renomeado de "#1 Iggy’s Castle" para "#1 GO BACK (#1 VOLTE)". Com certeza, me senti muito bem-vindo ali...

Ignorando completamente o nome da fase, já que estava decidido a terminar de vez com tudo aquilo para sempre, segui em frente. O que parecia ser a introdução normal da entrada de de um castelo foi deixada especialmente assustadora, dado o fato de que eu tive que me separar do Yoshi. Eu senti pela primeira vez que eu estava realmente abandonando-o, e aquilo definitivamente não era bom. A sala interior do castelo parecia estranha; havia um tom de lava esverdeada escura no teto, e havia postes que pareciam pilares. Além de que, ao lado de cada pilar, havia uma quantidade bem alta de caixas de mensagem, quanto mais eu avançava, mais a quantidade aumenta


Eu havia terminado minha jornada, e estava muito aliviado por isso. O pesadelo terminara, e as atividades no fórum e no Skype pareciam ter voltado ao normal. Rapidamente compartilhei meu relato com o resto dos usuários do SMWCentral, e escrevi esta pequena documentação digitada aqui.

Se você se sentir ousado o suficiente, você também pode testemunhar meu relato em “primeira mão”.

Lembrem-se, rapazes, é apenas um hack, ele não pode machucar... Certo?

Link para download do jogo/hack: http://bin.smwcentral.net/36667/MARIO%20(1).zip


Arquivo .txt convertido para o formato .jpg (descoberto pelo administrador Kieren, do SMWCentral):

Deus Está Morto

Ainda hoje me pergunto se não foi aquele maldito frio siberiano que nos trouxe o feitiço da histeria coletiva e da alucinação compartilhada. O que mais poderia explicar a realização na carne daquelas horríveis palavras nietzschianas? Ele está morto, e nós o matamos. Não ouso dizer seu nome.


Lembro-me vividamente das descrições dos homens estendendo aquela pele amaldiçoada entre eles para o fotógrafo, e do estranho clarão da lente que deturpou a imagem ao ser revelada, algo que nenhum deles havia testemunhado na época. Não sou de forma alguma um homem espiritual, criado em uma época de tanta racionalidade e ciência, nunca dado à superstição dos adornos do mito. Que ironia estupefaciente que agora eu desejasse algum poder para invocar, para prostrar-me, para implorar por misericórdia! Agora que podemos ter certeza, no vasto cosmos além do alcance mais distante de nossos instrumentos astronômicos, não há nada que responda a não ser um silêncio uivante. Entenda que vi coisas durante as Guerras que nenhum homem deveria ver, e, de fato, eu pensava que nenhum homem poderia ver. Lembro-me de uma fotografia de estranha semelhança com a que mencionei e, embora eu não estivesse presente durante a provação, pedi que ela me fosse contada mais tarde em detalhes macabros e que me fossem mostradas as evidências físicas, gravadas para sempre por algum fotógrafo perturbado.

Foi um feito nascido da Guerra da Continuação, e nossos homens se encontraram atrás das linhas inimigas e desesperados. Por que agiram com um instinto tão vil e voraz, eu consigo entender. É uma relíquia infeliz do nosso passado primitivo, às vezes visitada em tempos de pressão inimaginável. Mas por que escolheram capturar aquele momento, como se para memorizá-lo, congelá-lo tão solidamente quanto a paisagem infernal finlandesa ao redor deles, eu não sei. Na fotografia, entre vários galhos, estava espalhada e esticada, pela mão de algum soldado obscurecido, a pele de um antigo camarada. O efeito era como as asas pálidas de um anjo, ou de algum morcego monstruoso, demasiado humano, animado nas árvores. Em uma carroça próxima, foram colocados os restos mortais: um pedaço de perna, uma mão congelada e, o mais terrível de tudo, a cabeça de um homem traído por seus companheiros, com os olhos fechados para o frio profundo, como se estivesse dormindo. Ele não podia ter mais de vinte anos em vida. Essas e outras atrocidades que testemunhei durante a guerra, mas tudo isso parece uma lembrança distante agora, resquícios de uma época mais inocente. Lembro-me dessas imagens perversas da barbárie humana apenas porque elas empalidecem em comparação com as obtidas naquela expedição.

Não havíamos viajado para aquele país inóspito com nenhum propósito tangível. Um colega, cujo nome era Richard Tater, havia proposto uma hipótese absurda, sendo tanto um homem da ciência quanto de educação católica, cujos princípios nunca o abandonaram, mesmo quando ele alcançou destaque em sua área como geólogo e historiador. Éramos ambos veteranos das guerras e tivemos o infortúnio de viver para ver as primeiras rajadas de uma terceira que começou em algum país remoto do leste, prometendo ser pior do que suas predecessoras. Ele me divulgou sua crença — pois seria exagero chamá-la de hipótese testável — de que Deus havia abandonado a humanidade aos seus próprios desígnios, como evidenciado pela sucessão de guerras e o advento de horrores como o gás mostarda e a bomba atômica. Perguntei a Richard, brincando, o que Deus fazia então com todo o seu tempo infinito, senão vigiar o panorama da Terra. Onde eu esperava uma resposta jocosa, os olhos do meu companheiro se fecharam e ele se aquietou. Sem dizer uma palavra, ele pegou da mesa do escritório um livrinho imundo, como o diário pessoal de algum rústico sertanejo. Abrindo-o diante de mim, ele mostrou um texto minúsculo e conciso, de conteúdo indecifrável. Perguntei-lhe em que idioma ele o propunha.

"A língua de YHWH, da qual passei o último ano traduzindo trechos. Parece seguir alguma antiga variedade do sânscrito, com estranhos exemplos de grego, romano e até russo moderno. Recuperei-a durante um levantamento geológico para as usinas hidrelétricas ao longo do Angara, em uma cabana remota com mobiliário escasso e rudimentar. Acredite, nenhum homem viveria lá e prosperaria, muito menos sobreviveria. Nada nos arredores mostrava os instrumentos reveladores de um caçador. Não havia sequer uma fogueira para cozinhar, nem uma cama. Era árido, mas claramente conservado e de construção sólida. Mas ouça-me agora. Em um ano, traduzi apenas uma frase das cerca de quatrocentas páginas; uma frase dentro daquelas linhas de prosa apertadas e enlouquecedoramente condensadas. Dizia: 'Eu me esconderei'. E a assinatura no final do romance estranho, em inglês inconfundível: YHWH."

O que mais pareceu perturbar o pobre Richard foi o evidente estado de acabamento das memórias, cujos detalhes permaneciam um mistério para ele. Seu comportamento estranho ao longo do último ano não me passou despercebido, mas eu o havia considerado apenas o desgaste de um acadêmico sobrecarregado e as pequenas dores prementes da velhice. E, no entanto, ali estava ele, recusando-se a ceder na autenticidade de seu artefato. Que era real, eu podia atestar. Que alguém havia assinado aquelas iniciais estranhas, eu concordava, mas chegar ao ponto de dizer que o próprio Senhor havia escrito aquilo? Era um absurdo do tipo mais perturbador. Mas Richard não se deixou apaziguar. Decidi por uma licença para nós dois, na esperança de que outra viagem àquele barraco, sem dúvida há muito arruinado pelos elementos, aliviasse sua mente sobrecarregada e ele voltasse a enxergar racionalmente. Com essa agenda, partimos para a Sibéria, pegando a Linha Principal Baikal-Amur em parte do caminho, uma grande maravilha da engenharia iniciada por aquelas hordas de prisioneiros de guerra alemães e japoneses e concluída pelas mãos dispostas de jovens russos anos depois. Richard se remexeu em seu maldito livro durante toda a viagem, como se ainda pudesse extrair alguma informação de suas divagações. Ele evitou a paisagem por onde passamos, mas em um intervalo fez uma observação estranha: "Se o permafrost derretesse, os trilhos e o trem condenado sobre eles afundariam nas turfeiras abaixo." Ele prosseguiu sem nenhuma explicação e ficou em silêncio até partirmos para a parte a pé da nossa jornada.

Pouco posso dizer daquela caminhada fria e silenciosa. Richard se ocupou com o livro, mais absorto nele do que antes, de modo que a tarefa da navegação recaiu inteiramente sobre mim, com apenas algumas dicas ocasionais do meu colega sobre onde ficava sua cabana fantasma. Por algum sexto sentido louco ou sorte, ele nos conduziu ao local sem desviar muito a atenção da leitura, e lá estava a cabana. Bancos de neve a cobriam quase completamente e nos dedicamos à tarefa de cavar um caminho até a única porta, tarefa em que Richard nunca hesitava. Ele empurrou o quarto para dentro com zelosa determinação, e sua descrição anterior se provou verdadeira. O cômodo solitário não continha nada de importante, além de um banco e uma mesa ou uma construção precária. Se Richard esperava encontrar o Senhor Todo-Poderoso sentado em seu trono, cercado por querubins cantores, ficou profundamente decepcionado. Mas não demonstrou nenhuma inclinação de desespero. O fato de a cabana estar ali parecia prova suficiente para ele, e ele insistiu em sentar-se àquela mesinha feia e examinar o livro mais a fundo, como fizera no ano anterior. Não o repreendi muito, esperando que uma hora ou mais de contemplação pudessem quebrar seu transe, mas, enquanto tremia lá fora, fiquei cada vez mais preocupado com o homem. Depois de uma hora ter se passado, de acordo com meu relógio, ele irrompeu da morada abandonada, com os olhos arregalados, e por um breve momento eu o temi.

"Os cadernos!", disse ele. "Me dê os cadernos!" Tínhamos trazido conosco, entre os suprimentos mais práticos, nosso equipamento acadêmico habitual: bastante papel e canetas. Ele mal podia esperar que eu revistasse os pacotes e os rasgasse, jogando itens na neve com desenvoltura até alcançar seu prêmio, e com isso voltou para a escrivaninha lá dentro, sem sequer fechar a porta atrás de si. Com uma relutância que jamais entenderei, mas que agora sei ser mais do que justificada, aproximei-me dele por trás. Seus ombros e o braço que segurava a caneta se contraíram, como se ele tivesse sofrido alguma convulsão ou estivesse resfriado. Chamei seu nome e não houve resposta. E quando me aproximei dele, para poder ver o que ele estava transcrevendo para as páginas em branco, senti náuseas.

Nenhum homem conseguia escrever tão rápido, tão febrilmente. Sua mão se movia como as asas de um inseto, se não com maior rapidez. Em segundos, ele preenchia uma página e passava para a próxima. Percebi com terror que seu excêntrico exercício de destreza não estava produzindo algaravias, como eu presumira, mas caracteres russos legíveis. Embora a frequência com que virava as páginas e mudava para outro livro quando o anterior tornasse impossível uma análise detalhada, deduzi de algumas frases soltas que ele parecia estar ditando a Bíblia Sagrada na íntegra, como se de memória. Mas o tempo todo ele segurava na outra mão aquele maldito diário, que estudava enquanto escrevia. Recusei-me a acreditar que ele estivesse realmente traduzindo aquela relíquia demente. Certamente um homem com sua formação poderia recitar a Bíblia inteira – não era algo inédito em homens dedicados. Mas em minutos ele concluiu o Livro do Apocalipse e continuou escrevendo, ainda olhando para sua descoberta, e essa loucura continuou por talvez quarenta minutos, até que ele preenchesse cada pedaço de papel em branco que havíamos trazido. O feitiço insano pareceu deixá-lo, pois ele finalmente sentou-se imóvel à escrivaninha, respirando pesadamente, o suor o cobrindo apesar do frio.

Ele deixou o velho diário de lado e se virou para mim em seu assento. Jamais esquecerei seus olhos e a multidão de tristezas e horrores que eles continham. Aqueles não eram os olhos de Richard. Não era a voz de Richard que falava, mas algo destruído. "Nós o matamos. Nós o matamos. Nós realmente o matamos." Ele repetiu isso, e nenhuma das minhas palavras o tirou do estupor.

Logo ele perdeu as forças e deslizou o corpo contra uma das paredes, sentando-se desamparadamente, resmungando para si mesmo. Eu sabia que estávamos em apuros agora, com o estado do meu companheiro. Preparei uma refeição para nós com o conjunto de cozinha portátil e insisti para que ele comesse alguma coisa, o que ele fez sem paixão e apenas a meu pedido. Eu esperava dar-lhe tempo para recuperar as forças e o juízo, para que pudéssemos fazer a viagem de volta. Enquanto isso, a mesa e seus livros espalhados chamaram minha atenção. Eu não queria alimentar seus delírios, mas conjecturei que talvez seus devaneios contivessem alguma chave para seu súbito estado maníaco. Comecei com o primeiro livro. Como mencionado anteriormente, esta era uma recitação precisa da Bíblia King James, mas não sem desvios que me deixaram perplexo. Não sou teólogo, mas mesmo meu conhecimento superficial do texto contido nela me disse que esta tradução tinha acréscimos, alguns parágrafos inteiros que nenhuma Bíblia continha. Esses adendos e divergências variavam de grandes alterações ao texto original a passagens completamente novas, acrescentando detalhes ou até mesmo contestando os capítulos. E assim por diante, e parecia que nenhuma página havia sobrevivido inalterada. Não consegui mais suportar aquilo e prossegui para o Livro do Apocalipse, cujos detalhes, já estranhos e apavorantes, haviam adquirido um terror e uma clareza insondáveis.

Além dessa tradução, começava o que presumi ser um diário em primeira pessoa. Começava com "Eu sou" e descrevia uma história inacreditável, como uma mitologia obscura e esquecida. O fato de essas palavras terem nascido da imaginação de Richard me enojou. De fato, parecia que ele havia se convencido de que estava traduzindo as próprias memórias de Deus em carne e osso, que descera dos céus, assumira a forma mortal de seu filho antes dele e se escondera nas florestas, o mais longe possível dos homens, para registrar e depois esquecer sua criação bastarda. Seguiram-se descrições tão vívidas de loucura que me perguntei se eu mesmo não teria imaginado aquela leitura terrível. Ele descreveu os anjos sendo fervidos em uma grande sopa e consumidos antes de sua partida, para que ele não precisasse se banquetear com os animais ou plantas do mundo. Relatada em detalhes, foi a agonia de assumir a forma física, a condensação de sua totalidade em uma singularidade, que levou anos para se estabelecer em uma forma satisfatória. Ele descreveu aqueles anos como uma errância líquida, um fantasma de névoa sangrenta e efluentes incipientes assombrando as florestas. Ele falou das guerras com um distanciamento tão apático que me perguntei o quão cruel uma pessoa assim deveria ser para descrever o sofrimento em termos tão insensíveis.

À medida que a diatribe prosseguia, tornou-se um discurso de extensão excepcional. Repetidamente, o escritor insistia que ele era irrepreensível, sem culpa, totalmente inviolável em todos os aspectos. A degradação de sua consciência suprema a uma mera massa de gordura e impulso elétrico o agonizava e parecia incutir nele uma espécie de loucura. De todos os homens, ele elogiou os Hitlers, os Stalins, os Genghis Khans e tantos carniceiros anônimos que enchem nossas manchetes com atos espalhafatosos de depravação contra seus semelhantes. Eles tinham a chave para o céu, disse ele. Joguei o livro fora e estava pronto para ir embora imediatamente, mas Richard subitamente se endireitou e pegou minha mão. Ele olhou em meus olhos com uma determinação férrea, não com a tristeza irracional que expressara anteriormente. "Leia o resto", disse ele. "Leia o resto." Presumi que ele não tinha intenção de permitir nossa partida até que eu o atendesse, e temi o estado que poderia se abater sobre ele com a minha recusa. Então comecei com o último livro, e seu conteúdo me desarmou de toda razão e racionalidade, como sua criação evidentemente fizera com o pobre Richard.

O narrador não mencionou o ano. Deduzi, pelas descrições dos campos de trabalho, que se passara pouco tempo após a Segunda Guerra. O Exército Vermelho o encontrara por acaso, e imediatamente souberam que estavam diante do rosto de Deus, embora esse rosto fosse uma confusão de olhos, nariz, barba e cabelos desgrenhados, uma pessoa completamente isenta de humanidade. Os militares e cientistas não o contemplaram com admiração, mas com terror, e não se prostraram a seus pés para adorá-lo e derramar lágrimas, mas imediatamente o amarraram como prisioneiro e o levaram para uma prisão. Tal era sua deterioração naquele momento que ele não conseguiu resistir.

Um ódio inato arrebatou seus captores. Uma repulsa primordial pela descoberta os impeliu. Até mesmo os cientistas encarregados da análise do espécime, na esperança de que ele pudesse conter segredos benéficos aos soviéticos, apressaram-se em sua tarefa e apenas timidamente se aproximaram do estranho de camisa de força, não por medo, mas por repulsa. Algum valor científico parecia vislumbrar nele, e se mais alguma coisa estivesse por vir, os oficiais o impediriam. Por dez anos, eles o executaram, aquela criatura de olhos turvos que se autodenominava YHWH quando ainda podia falar. Sobreviveu a um pelotão de fuzilamento, contorceu-se na ponta de uma corda por meses, suportou queimaduras e eletrocussão. Mas cada nova tortura parecia corroer a vontade e a constituição do temido prisioneiro. Por fim, várias explosões de hidrogênio, detonadas em sucessão, mostraram-se eficazes em penetrá-lo. Ele era como uma vítima de queimadura, e sua condição agora era tão catastrófica que, quando um oficial solitário se aproximou dele e disparou um único tiro de sua pistola, a coisa foi despachada. Oficialmente, ele foi executado por crimes contra a humanidade.

Tremendo, eu parecia entrar e sair dos meus sentidos. Reuni rigor científico suficiente para perguntar a Richard como essa narrativa havia continuado, se seu autor havia sido amarrado e abusado dessa forma. Richard respondeu sem paixão. "Permitiram que ele continuasse escrevendo, documentasse tudo o que lhe foi imposto, e ele escreveu até o fim, até que detonaram a primeira bomba e levaram o diário. Ele sabia então que morreria."

Só posso especular o que aconteceu com Richard desde aquela terrível excursão. Ele desapareceu, e temo o pior para ele. Mesmo agora, questiono minha lembrança dos eventos, sem a única testemunha para verificar minha memória. Perguntei a um amigo pessoal que ocupava um alto cargo nas Forças Armadas, e ele apenas riu das minhas perguntas vagas, e eu não o culpo. É claro que tal loucura não havia acontecido, e se por algum acaso insondável tivesse acontecido, não haveria registro de sua ocorrência. Antes de sua fuga, Richard levou consigo o diário e suas supostas traduções, e nada do evento resta, exceto o que escrevo agora. Na verdade, eu havia pensado em enterrar tudo nos recessos da minha mente, aceitá-lo como a triste deterioração de um homem outrora orgulhoso. Mas uma certa suspeita insidiosa, pairando nas fronteiras da minha imaginação envelhecida, me compeliu a guardar isso para a posteridade, mesmo suspeitando que tal ação logo se tornará irrelevante.

Perdoem-me uma digressão filosófica, que não é do meu feitio habitual, mas possivelmente condizente com a conclusão desta narrativa. Se aquela coisa que não nomearei foi morta por crimes contra a humanidade, e nosso mundo ainda persiste, esse paradoxo não nos leva à conclusão de que, de alguma forma, nos livramos de um grande e desconhecido mal que nos domina desde o início dos tempos? Não deveríamos ver uma nova era sobre nós, como proclamam em suas canções aqueles jovens esperançosos? Se a fonte for cortada, de onde então emergem os novos terrores? Por que o mundo simplesmente não se dispersou como Richard? E por que, enquanto me deito à noite e perscruto o vazio infinito em noites sem nuvens, meus olhos enfraquecidos percebem cada vez menos estrelas a cada dia que passa?

Já o havíamos encontrado. Deus está morto, e nós o matamos.

Eu Matei Um Camerahead

Quando eu era jovem, eu era louco por creepypastas. Eu conhecia todos os personagens e gostava de ouvir SomeOrdinaryGamers e outros lendo, mas o único com quem me importei profundamente foi Slenderman. Em algum momento de 2020, descobri a creepypasta perdida "I Killed a Camerahead". Essa creepypasta em particular me interessou muito, provavelmente porque não pôde mais ser encontrada. A história de Cameraheads se perdeu, mas alguns se lembram dos detalhes básicos.

A premissa básica de "I Killed a Camerahead" é que um cara encontra uma bolsa ou mochila, e dentro dela há uma câmera quebrada, uma fita e uma carta que diz "I killed a camerahead". O protagonista então enlouquece ao tentar descobrir o que diabos é uma cabeça de câmera. Embora a pasta não tenha sido encontrada, uma versão foi supostamente encontrada. Copiarei a postagem aqui, mas você também pode conferir o site em que ela foi publicada aqui.

/x/ O que é uma cabeça de câmera?

Eu estava caminhando para casa por uma ravina próxima e me deparei com uma pilha estranha de pedras e um envelope rasgado com alguma coisa escrita. Parecia ter sido escrito com carvão ou cinza.

Dizia: "EU MATEI UMA CABEÇA DE CÂMERA", na linha seguinte "LEVOU O TREVOR" e na última linha "PEÇA AJUDA SE EU NÃO VOLTAR".

E havia um miniDV por perto. Era só isso que estava nele, além de estática, embora eu tenha assistido algumas vezes antes de encontrar este clipe.

Quem filmou este vídeo? Uma cabeça de câmera parece muito boba se for um monstro com uma câmera no lugar da cabeça.


É controverso se a postagem acima foi ou não a postagem original do Cameraheads. Muitas pessoas se lembram de que havia muitas postagens e uma história maior do que apenas a postagem. Além disso, muitos se lembram do personagem encontrando uma mochila, não apenas um envelope e uma câmera. Se esta não for toda a creepypasta, espero que seja encontrada em breve. Esta história é superinteressante e espero lê-la na íntegra algum dia.

Captura de tela de um usuário do 4Chan perguntando sobre Cameraheads


domingo, 20 de julho de 2025

Encarnacion Bechaves (Comercial Perdido de uma Floricultura nas Filipinas; 1990)

Encarnacion Bechaves é uma floricultura filipina localizada em Manila, Filipinas. Em algum momento da década de 1990, eles produziram um comercial memorável que teria sido exibido localmente na ABC 5 (hoje TV5), RPN-9 e possivelmente também na IBC-13. O comercial é conhecido por ter perturbado os espectadores involuntariamente. Nenhuma cópia do comercial foi publicada online e é considerado perdido.

Premissa
O comercial começa com a câmera dando zoom em rosas vermelhas em frente a um fundo escuro; a música "Shepherd Moons", de Enya, começa a tocar. Uma filha em um vestido estilo toga branca abraça a mãe é vista, seguida por um conjunto de três buquês. Em seguida, a cena se transforma em outra de um casal, a moça segurando um buquê que o homem lhe deu, com a narração dizendo "Quando você se importa o suficiente para enviar o melhor...", seguido por uma cena de um buquê de margaridas dando zoom à direita, enquanto a narração continua: "Diga com flores da Encarnacion Bechaves". Aparece então o logotipo "Encarnacion Bechaves" na fonte Alex Brush. O anúncio então continua a desaparecer em mais duas cenas com flores, ofuscando o logotipo.

Outra tomada das rosas vermelhas, seguida de um fade para uma cena final com uma senhora de vestido vermelho (alguns se lembram de um vestido preto ou branco) de costas para a câmera. A senhora se vira para a câmera, sorrindo através do cabelo desgrenhado, e segura rosas (ou uma única rosa) perto do rosto, obscurecendo-o ainda mais. A câmera pausa na tomada do rosto da senhora até finalmente desaparecer em outra tela com o logotipo e os endereços das três filiais da loja em fonte Teletype. Nesse ponto, um narrador masculino entoa:

"Quando a ocasião se torna especial. Você pode torná-la ainda mais especial, com flores, da Encarnación Bechaves. Encarnación Bechaves. Quando você quer mostrar o quanto você realmente se importa."

Uma versão curta também pode ter existido e ido ao ar junto com a versão longa. No entanto, esta carece de muitas cenas, incluindo a cena com a garota. Diz-se que é direcionada às fotos de flores e da floricultura, com uma narração e Shepherd Moons tocando. Dizia-se que a cena tinha 15 segundos de duração e foi exibida entre 1993 e 1994.

Alguns afirmam que a moça foi interpretada pela atriz filipina Cita Astals, mas isso não foi confirmado. No entanto, é consenso geral que a cena dela foi muito mais perturbadora do que o necessário para promover flores.

Histórico de busca
Busca inicial
Não houve nenhuma busca organizada para o comercial até recentemente. No entanto, as primeiras menções ao comercial remontam a abril de 2000 no PinoyExchange. Desde então, o comercial foi mencionado por várias outras pessoas nos tópicos do fórum.

Em 2018, o comercial se tornou um tópico quente no recém-criado The Spooky Advertisements Group, que se concentrava principalmente em comerciais filipinos assustadores. Um ano antes, Jemmanuel Cordero fez uma recriação em áudio do comercial usando sua própria voz, o que também atraiu atenção. Várias pessoas contataram a página do Facebook de Encarnacion Bechaves, porém, nunca responderam. Entre os que enviaram mensagens está Dalton Channel, um YouTuber filipino focado em conteúdo nostálgico.

O comercial foi mencionado no vídeo Pieces of Filipino Lost Media, do Philippine Television Archives, em 2021. Uma semi-busca foi realizada com a ajuda de alguns membros da Lost Commercials Foundation, e um membro da LCF, minimort2, descobriu que a Encarnacion Bechaves tinha uma empresa irmã chamada Manila Blooms, agora Paraiso Flowers, graças a um texto em seu site de 2001. No início da década de 2010, uma terceira empresa se envolveu, chamada Myflowertowne, apelidada de Flowertowne. No entanto, após essas descobertas, a busca foi interrompida. O Philippine Television Archives passou a mencionar o comercial na parte 2 do vídeo mencionado e em seu próprio vídeo.

Busca "On The Hunt 6"
Em 4 de julho de 2022, a Lost Media Wiki lançou a sexta busca "On The Hunt", com o tópico sendo o comercial de Encarnacion Bechaves. No mesmo dia, a CLASSMC começou a organizar as menções ao comercial no PinoyExchange em um documento com traduções e um índice das aparições.

A busca foi então divulgada tanto para o TSAG (The Spooky Advertisements Group) quanto para o PAHG (The Philippine Advertisement History Group) e, posteriormente, para o r/ph e o PinoyExchange. O r/ph atraiu a atenção principalmente, e várias respostas de testemunhas oculares foram vistas. Várias testemunhas oculares também entraram em contato sobre suas experiências ao ver o comercial e, graças a uma delas, descobriu-se que uma versão curta do anúncio pode existir. Enquanto isso, dycaite enviou uma mensagem para a página do Facebook de Encarnacion Bechaves, e outra empresa chamada Flowertowne também foi descoberta como estando ligada a Encarnacion Bechaves.

Em 27 de julho de 2022, uma pessoa do TSAG entrou em contato para obter a fita VHS do comercial e a viu. Dizia-se que ela havia sido gravada por seu tio naquela época. No entanto, devido a problemas familiares, não se sabe se ela poderá obter a fita. Assim como Encarnacion Bechaves, ela também disse que ele gravou fitas contendo diversas cenas da TV filipina.

Disponibilidade
Embora não haja documentação oficial de sua existência online, a primeira menção conhecida ao comercial remonta à década de 2000, no fórum Pinoy Exchange, época em que o comercial ainda estava no ar. Atualmente, não há cópias do comercial disponíveis online, e a única prova de sua existência são as inúmeras lembranças de seus espectadores.

O consenso geral é que este comercial foi ao ar na década de 1990 até o início dos anos 2000, especificamente de 1993 a 2005. Parece ter aparecido principalmente nos canais de TV ABC 5 (agora TV5) entre WWF (agora WWE), RPN-9 (agora CNN Filipinas), entre The $1,000,000 Chance of a Lifetime e Goggle V", e possivelmente IBC 13 entre Maskman, Masked Rider BLACK e All-Star Wrestling. Outros programas incluem que pode ter sido exibido no RPN 9 entre WWE Smackdown em 2002, Beakman's World, Beauty School Plus, entre outros. Também pode ter sido exibido durante Jetman e Fiveman, ambos exibidos no RPN-9 e ABC-5. Também foi ao ar junto com shows em inglês, concursos de beleza, lutas de boxe e uma noite de premiação de 2004, considerada um dos últimos programas em que o comercial foi ao ar. Enquanto isso, também pode ter sido exibido no ABC-5 All-Star Wrestling, embora tudo isso seja apenas especulação, de acordo com uma programação de TV de 1994. De acordo com várias reminiscências, o comercial foi ao ar após um comercial da Family Rubbing Alcohol e foi seguido por um comercial da RA Homevision, ambos agora perdidos. Também foi lembrado por ter sido exibido junto com um comercial da Anzahl Urethrane Car Paints, que está disponível online. Também foi dito que foi ao ar junto com um comercial da Green Cross.

Folheto de busca "On the Hunt" do Lost Media Wiki para o comercial.

Recriação em áudio do comercial de Encarnación Bechaves

A recriação do comercial, no entanto, não contém a parte da "garota de vestido".


Outra recriação do comercial, que dizem ser mais próximo do original.


Por que isso é importante:
Muita gente que cresceu nas Filipinas nos anos 90 se lembra vividamente desse comercial, mas nenhuma gravação foi encontrada até hoje. Ele é considerado um dos "santos graais" da mídia perdida filipina.

Alguns têm lembranças nostálgicas, enquanto outros o consideram acidentalmente assustador por causa dos closes demorados e da cena final inquietante.

Você tem fitas antigas em casa?
Se você (ou algum parente) tiver gravações VHS de:

Lutas da WWF (wrestling)

Seriados tokusatsu (como Maskman, Bioman, etc.)

Game shows (Million-Dollar Chance, etc.)

Novelas ou programas noturnos da RPN-9 ou ABC-5 entre os anos 90 e começo dos anos 2000

Por favor, confira essas fitas! Mesmo as gravações de comerciais nos intervalos podem conter essa peça rara.

Se encontrar algo:
Publique no YouTube, Archive.org ou em grupos de mídia perdida.

Ou me chame por mensagem privada ou responda aqui—quero muito ajudar a documentar e preservar esse material.

Vamos resolver esse mistério juntos! 🌹